Wednesday, July 21, 2004

Vens de noite no sonho 

  

Vens de noite no sonho

sem pés

entre páginas

de gasta paciência

quando a música findou

e teu sorriso se desfez

como um grão de pólen. 

 

Vens no veneno oculto

de meus dias

no silêncio

dos meus ossos

devagar

arrastando em queda

o nosso mundo. 




Vens no espectro

da angústia

na escrita

inquieta

destes versos

no luto maternal

que me devolve a ti. 

 

A escuridão desce então

sobre o meu corpo

quando o rosto da morte

adormece na almofada. 

 

Ana Marques Gastão








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