Thursday, June 30, 2005

és o canto de um quarto onde o dia acaba

hesitas entre os princípios de sombra
a ondular pela cortina
estás a meu lado mas
os olhos ficam-se-te pelas manchas dos dias gastos

vestimos fatos de silêncio domingueiro
e as palavras aparentemente livres são maneiras de varrer os
significados com que os pássaros pintam as nuvens

que importa um olhar triste quando o velho é cada vez mais velho



eue


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Wednesday, June 29, 2005

Estou no meu quarto. Deitada na minha cama. A luz está acesa. Oiço música. Penso em ti mas não é em ti. É um tu abstracto porque a tua ausência é uma lesão incurável que se imaterializa com o tempo. Por fim adormeço. Quando acordo de manhã sinto-me feliz por ter conseguido dormir.

Ana Hatherly

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Tuesday, June 28, 2005

(post dedicado aos Pedros, ao daqui e ao dali)

dubidu bidu bibu du
dubidu bidu bibu du

eis a minha diva do bom humor:)


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Monday, June 27, 2005

lebre em modo devorador do livro que está a ler (campo de sangue)

há frases que só fazem sentido na memória, que se perdem quando ditas em voz alta, frases que se passeiam na cabeça, frases de andar por casa.

Dulce Maria Cardoso

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Sunday, June 26, 2005

À CATA DO VENTO

O cata-vento
tem obrigações legais
deve
catar o vento
portanto
quando o vento passa
diz-lhe logo atento
espera aí
preciso de te catar
mas o vento
sempre a passar
tem outras coisas
em que pensar
não está para ser
catado no ar
e vai passando
desatento
ao cata-vento
sem se importar
obrigado legalmente
a catar o vento
então
o cata-vento
senta-se no telhado
aporrinhado
e sem vento
para legalizar
o seu direito
de ser elemento
respeitado
pelos elementos

sentado no telhado
queixa-se
isto não é vida

Mário-Henrique Leiria



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Thursday, June 23, 2005

Está aí alguém?

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Wednesday, June 22, 2005

tinha comigo um pedaço de ti
e enquanto caminhava
cada passo evocava a tua presença
e tu estavas mais perto

de vez em quando arrancava uma memória
para passar o tempo
e sangrava muito sempre que o fazia

e um sentimento de culpa
invadia-te por dentro
e eu sentia que estavas perto
e ao mesmo tempo tão distante de mim

às vezes perco a memória da tua voz

José Rui Teixeira

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Tuesday, June 21, 2005

o solstício do Verão da lebre

Monday, June 20, 2005

mais uma tradução em modo "caseiro"


Tenho conhecido a implacável tristeza dos lápis
arrumados nas suas caixas, dor de bloco-notas e pisa papéis
toda a miséria das pastas de argolas e da goma arábica
desolação em imaculados espaços públicos
recepções abandonadas, lavabos, central telefónica
o pathos inalterável da bacia e do cântaro
ritual de gráficos múltiplos, clips, vírgula
duplicação sem fim de vidas e objectos
e eu tenho visto pó das paredes de instituições
mais fino que farinha, vivo, mais perigoso que sílica
peneirar, quase sem se ver, por longas tardes de tédio
a espalhar uma película fina em unhas e em sobrancelhas delicadas
a esmaltar o cabelo pálido, as caras duplicadas cinzento padrão


Theodore Roethke


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Sunday, June 19, 2005

A lebre em modo passeio

Imagens, poemas vivos, encantamentos e belezas naturais, tudo isto fervilha literalmente num belo passeio, por mais pequeno que seja

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É com a maior atenção e cordialidade que aquele que passeia tem que estudar e observar o mais ínfimo dos seres vivos, seja uma criança, um cão, um mosquito, uma borboleta, um pardal, um verme, uma flor, um homem, uma casa, uma sebe, um caracol, um rato, uma nuvem, uma montanha, uma folha, ou simplesmente um insignificante pedacito de papel deitado fora, onde talvez um adorável e belo pequeno aluno escreveu as suas primeiras letras desajeitadas. Tanto as coisas mais elevadas como as mais humildes, as mais sérias e as mais divertidas, têm para ele o mesmo interesse, beleza e valor.

Robert Walser

Friday, June 17, 2005

ValhameNossaSenhoradasLebres

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Thursday, June 16, 2005

Escuro

Pergunto-me desde quando
deixou de haver futuro
nas janelas.
Janeiro dói nos olhos
como areia
e tu e eu estamos para sempre
sentados às escuras
no Verão.


Rui Pires Cabral

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Wednesday, June 15, 2005

estou completamente apaixonada por este site/diário

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A felicidade sentava-se todos os dias
no peitoril da janela.


Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
ainda sem amor para ninguém,
gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas
faces humanas.


E como menino que era,
achava um grande mistério no seu próprio nome.


Jorge de Sena
para onde vão as vozes quando se perdem no vento?

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Monday, June 13, 2005

Façam-me um favor, já que eu não posso ir ver esta exposição

VÃO POR MIM

Exposição de pintura de Maria João Sanches


(A Exposição estará patente ao público em Lisboa até 28 de Junho de 2005, no Edifício Central do Município - Centro de Documentação – 1º piso)

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Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espessas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam pelo muro. Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais. (...) Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que

é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles

As metáforas da boca ensinam a morrer
noutras manhãs junto das dunas ardem
os joelhos os testículos os cabelos
dizemos não dizemos foram aves
agora são em tempos de pobreza
um clarão breve antes do amanhecer.

Eugénio de Andrade

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Do Androids Dream of Electric Sheep?
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hoje é dia de ir ao Tagv

Sunday, June 12, 2005

"Good night, good night! Parting is such sweet sorrow, That I shall say good night till it be morrow"

William Shakespeare

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Saturday, June 11, 2005

Chega-te mais. Sei que parece
não caber um grão entre nós
e o calor que me dás cura-me
de muitos males. Mas a tua pele
é também um escudo impenetrável
e os teus ouvidos estão voltados
para dentro, mas não ouves
as mensagens que te atravessam,
não escutas nenhum de nós.
Não sei porque estamos aqui
Colados um ao outro. É verdade
que está frio, um frio que se repete
todos os dias como se fôssemos peixes
de aquário e se tivessem esquecido
de mudar a água. Andamos às voltas
no vidro redondo, vamos ficando míopes
e sujando a água. Estamos juntos
e juntos damos a volta ao circo.
Há uns quantos que nos aplaudem,
mas acho que têm tanto medo como nós


Rosa Alice Branco


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Tuesday, June 7, 2005

despir o dia quando os olhos se enrugam e
o teu corpo não tem espaço senão para palavras
que afogas nos lençóis

passas a noite a aprender que
talvez sejam elas o que envelhece no linho

na minha boca há um não te saber dizer
que há cor para além da memória

e entre as margens do lençol já gasto
há sono onde nem todos os sonhos respiram


eue

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Monday, June 6, 2005

Friday, June 3, 2005

I promess I'll be a good girl

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muito muito obrigada
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Lebre derreada com o peso da idade

Wednesday, June 1, 2005

Mais um ano e repete-se o post ridículo

PARABÉNS A MIM

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esta frase da Margaret Atwood é tão minha

everyone else my age is an adult
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whereas I am merely in disguise.