Wednesday, September 5, 2007

Nesta vida – é um facto – estamos sempre
a desaprender coisas novas. O mundo
vai guardando a luz nas suas bainhas negras
e temos a melindrosa companhia dos fantasmas
que nos procuraram: eles governam rudemente
os nossos pequenos reinos e há um ceptro novo

para cada coroação. De repente, com a volta
das estações, damos por nós muito mais velhos
nas fotografias. As razões que nos assistiam
empalidecem em paisagens cruelmente coagidas
pela luz. Fomos expulsos dos grandes palácios

da alegria? Onde estão os mapas que nos guiavam
lá dentro, exactos como o instinto? Não sabemos
responder: o caminho turva-se: são as incertezas
da maturidade. As palavras não nos iluminam
e o amor está condenado aos defeitos naturais
do coração, que ainda assim há-de voltar a arder

sem defesa nem socorro uma vez mais.



Rui Pires Cabral



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3 comments:

Anonymous said...

ouch, que poema brutal.

Anonymous said...

é, daqueles que ficas sem respiração ao ler.

Anonymous said...

hoje
mais
ainda

sim, fiquei realmente sem ar
(e tudo ao mesmo tempo)

fica aqui um sorriso
por
tanta beleza...
e vou para ali a correr respirar

depois